LUA CHEIA EM CÂNCER 23°, 13 DE JANEIRO DE 2025

"Porque há o direito ao grito.Então eu grito."

Clarice Lispector

Às vezes gritar é uma forma de dizer que estamos vivos e vivos desejamos permanecer. Marcamos território. Informamos nossa posição.
Nesta Lua Cheia em Câncer unida a Marte Retrógrado,  se sentir de gritar ou de uivar,  faça-o.
Há uma força libidinal direcionada à autoproteção e proteção do outro, que talvez esteja reprimida  há tempos - Marte Retrógrado em quadratura a Lilith -  e que agora chega ao seu limite. Precisa ser liberada.
O sextil da Lua e Marte a Urano apoiam essa liberação de uma forma criativa e inusitada.
Enquanto a quadratura a Lilith em Libra garante a irrupção contra tudo que não pode ser mais tolerável só para garantir a falsa harmonia, para manter o pacto  secreto em não gritar para não incomodar,  para não parecer louco.
O silêncio pode ser a melhor resposta em certos momentos,  mas em outros,  só o grito pode salvar nossa vida.
Esta lua nos outorga o direito a gritar até sangrar a garganta antes que a cortem e a silenciem.
Com Mercúrio em Capricórnio talvez estejamos protocolares demais para comunicar. No entanto,  maduros o suficiente para saber quando quebrar protocolos.
Vale lembrar que este grito pode ser uma dramática declaração de amor que de muito adiar-se,  se fez ardente,  irreprimível, inaudita.
O direito ao grito, a despeito de parecer birra ou mi mi mi, é só uma forma de expressar uma necessidade visceral. E necessidades importam.
Essa Lunação nos oferece uma boa  oportunidade para investigar a necessidade oculta diante dos "gritos" que ouvimos.
Mas para isso há que se ouvir os gritos.
Podemos ouvir nossos próprios gritos com atenção,  nossos sentimemtos primordiais,  nossos instintos?  Podemos ouvir os gritos que nos chegam de longe?  Dos ancestrais?  Que nos chegam de perto,  daqueles tão íntimos que já não ouvimos por supor sabê-los? 

Que essa Lua em Câncer nos permita experimentar a receptividade da Grande Mãe - arquétipo associado ao signo de Câncer- para acolher os gritos,  os uivos,  os sussurros,  os silêncios como uma legítima expressão de necessidades reais, mesmo que não as compreendamos inteiramente. 

"Todas as  sensações emocionais são variações musicais complexas dos sentimentos primordiais. E estes proporcionam uma expetiencis direta do próprio corpo vivo,  sem palavras,  sem adornos e conectada à pura existência." António Damásio

Ótima Lua Cheia a todos!