Lua Cheia 24°Gêmeos/Sagitário, 15 de dezembro de 2024

Encruzilhadas


O medo é conhecimento incompleto. Agatha Christie

Uma Lua Cheia no eixo do conhecimento,  Gêmeos & Sagitário, nos conecta aos arquétipos do mestre e do discípulo, da condição de saber e não saber e tudo que isso acarreta. 
O que sabemos neste parte do caminho? O que precisamos ainda observar, repetir, mimetizar até atingir um grau de maestria desejável,   aceitavel para realizar tarefas básicas, cumprir exigentes projetos ,  e até mesmo transmitir com autenticidade nossa jornada em certo saber,  em certa vivência.
Esta lua é dual,  é gemelar: evidencia nossas incongruências e falhas no saber,  as lacunas de aprendizado.  Mas também pode revelar uma sabedoria que já está na carne e nos ossos, digerida e assimilada,  e que prescinde de palavras porque está nos gestos,  nos hábitos,  no coração.
Revela as dádivas do saber,  bem como suas armadilhas e aprisionamentos.
Desde a Lua Nova sugerimos atenção ao quotidiano mais banal,  onde possivelmente se ocultariam os mestres e as chaves de sabedoria- mais que nos templos ou escolas. 
E  nesta culminância do ciclo, vamos abrir as portas da percepção para captar as lições cifradas. Elas não estão evidentes mesmo,  pois há uma quadratura de Sol e Lua ao fantasmagórico e insólito Netuno em Peixes,  além de Mercúrio estar no seu rodopio para retomar a direção em Sagitário.  A cabeça pode girar e os pés saírem do chão,  e o melhor lugar de refúgio pode ser o sono ou outra atividade em que a intuição e imaginação possam se expressar. 
A razão não é confiável estes dias. 
Por mais que nos vejamos em encruzilhadas - muito associadas a Gêmeos,  Sagitário e Peixes-  evitemos fazer escolhas decisivas agora,  pois há um risco de elegermos a partir de lugares marginais em nossa psique: instâncias de medo,  vergonha, carência, compulsões,  escapismos.
Antes da Lua atingir o plenilúnio,  ela se uniu a Júpiter às 15h42 do sábado,  e então pode ter se aproximado de nossa consciência uma Verdade necessária para as nossas jornadas. Para mim foi: esteja com os nervos e energia  concentrados e não se distraia.
E para você qual foi a mensagem sussurrada ou  vociferada?

O Advaita Vedanta tem uma máxima:  
apenas observe e esteja de acordo.
Este pode ser o mais desafiador exercício para o Ergo existo neste momento. 
Contudo,  questionar e invalidar "nossos saberes" sempre foi prescrito como um caminho para a verdadeira sabedoria. Romper com a necessidade de opinar,  de se posicionar,  de estar certo. Necessidade que nasce da ilusão de separatividade. Advaita significa não-dual.  Ou seja: Uno,  nem isso,  nem aquilo.  Neti,  neti.
Então, o último ensino sobre a Verdade, sobre Você, sobre quem Você é, é essa Visão, a Visão da Verdade de que só há uma Presença, só há uma Consciência aqui, nesse instante, nesse momento. O sentido de uma identidade presente não é real. O sentido de “alguém” presente nessa experiência não existe.
O arcabouço de nossas respostas habituais e mecânicas é só um constructo que pode ser ventilado, expandido e remodelado caso façamos o trabalho de dissolver (Netuno em Peixes,  último signo da cruz mutável,  do elemento água) o apego a ele,  a essa identidade que pensa e supõe saber.
E mais uma vez aquela pergunta incômoda: quem eu seria sem esses pensamentos e crenças?
Já se imaginou olhando o mundo a partir de outras ideias sobre as coisas?  Como a realidade se apresentaria?
Se não, imagine agora e perceba que você não desaparece. Apenas fica mais poroso a novas inteligências te penetrarem.
Esfoliemos nossa pele,  nosso limiar com o mundo, e que cada poro aberto seja uma declaração deste não-saber que nos disponibiliza a um novo entendimento de nós mesmos,  do outro,  do mundo.
E certamente nos daremos conta de  que as encruzilhadas são só ilusão.


“Se tiver medo de seus pensamentos, você lhes está dando poder sobre você, porque eles parecem tão sólidos e reais, tão verdadeiros. E, quanto mais medo você tem deles, mais poderosos eles parecem ser. Mas, quando começa a observar seus pensamentos, o poder que você lhes concede começa a diminuir”.

Yongey Mingyur Rinpoche.

Ótima Lua Cheia a todos! 

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