LUA NOVA EM VIRGEM 11°, 02 DE SETEMBRO DE 2024

Produtividade lenta: reencontremos o ritmo natural

“O que é necessário é pouco. O que é desnecessário é infinito.” SÊNECA

Esta lunação na terra de Virgem, acontecendo justamente quando Plutão retorna a Capricórnio (terra) e Mercúrio faz sua última quadratura a Urano em Touro (terra), de fato nos levará a avaliar com rigor o chão que pisamos, a comida que comemos, a casa (planeta) onde moramos,  o ritmo que cultivamos. Marte se despede de Gêmeos e entra em Câncer, signo de água associado ao cuidado e à nutrição,  também levando nosso foco para o amparo primário que garante sobrevivência e segurança para crescer. Lembrando que Marte irá retrogradar a partir de 7 de dezembro, e irá retornar a Câncer, de modo que toda a semeadura desta Lua Nova Virginiana irá definir condições de maior ou menor abundância material e emocional nos próximos meses - até abril de 2025. 

Vênus em Virgem nos revelou o que é essencial nos afetos e inegociável para o bem-estar. E agora em Libra unida a Lilith nos dá forças para fazer acordos que sejam bons para todas as partes, até mesmo possibilidades de superarmos certos condicionamentos atávicos que contaminam nossas relações íntimas, escolhas políticas e de consumo, nossa conduta ética ou não-ética.

Portanto, a Lunação em Virgem com Mercúrio voltando a este signo após a retrogradação favorecerá trabalharmos nos próximos 28 dias com uma peneira separando o “estrume das sementes de papoula”*, ou seja, separando:

- os sonhos das ilusões: sonhos constroem o futuro, ilusões o arruínam;

- as prioridades das permissividades/indulgências: tudo posso, mas nem tudo me convém;

- o possível/realístico do fantasioso/idealizado: nossa margem de tolerância para com o que é simplesmente real e humano deve ser revista em nossas relações conosco mesmos e com os outros- mais (auto)compaixão e menos cancelamento;

- os hábitos nocivos dos hábitos salutares: nos tornamos mestres do que repetimos uma e outra vez, portanto, devemos nos perguntar: queremos manifestar maestria em quê?

- as verdades das crenças: em geral defendemos como verdades crenças e dogmas, mas crenças são apenas crenças, passíveis de revisão e transformação. Verdades são verdades, impessoais e atemporais. Conseguimos distinguir?

- o trabalho alienado do serviço sagrado: toda tarefa que nos conecta com uma genuína satisfação é sagrada, desde as mais rotineiras/domésticas de manutenção da vida, até aquelas que nos garantem retorno financeiro: valorizar aquele fazer minúsculo, invisibilizado, sem o qual não haveria o que ser mostrado é um modo de ritualizar a vida;

- o necessário do desnecessário: a busca pelo desnecessário – aquilo que nos fazem crer ser importante, imprescindível - nos colocou num estresse e ansiedade quase incontroláveis. Precisamos reaprender a descansar e neste estado de descompressão, perceber o que de fato precisamos, o que nos entusiasma e alegra, o que nos faz sentir vivos e nos faz querer viver. Parar um pouco é a única forma de saber para onde estamos indo.

Saturno está envolvido nesta lunação com seu rigor e limites próprios de seu caráter disciplinador a fim de nos colocar na linha. Pois esta lunação abre a temporada de eclipses em Peixes/Virgem que nos acompanhará nos anos 2025 e 2026 e que lançará a humanidade numa energia completamente diferente. Portanto, aproveitemos para criar ou retornar a hábitos que nos conectem à vitalidade e criatividade, à lucidez e alegria, porque são esses hábitos que criarão uma estrutura orgânica que nos sustentará quando o tornado chegar.

Vamos nesta lunação desacelerar, nos comprometer a fazer menos e fazer melhor, valorizar a experiência e o quanto construímos fazendo um pouco todo dia, com atenção e intenção. 

O manifesto Slow Food me veio como uma inspiração interessante para nos guiar nestes dias.

Manifesto Slow Food

O movimento internacional Slow Food começou oficialmente quando representantes de 15 países endossaram este manifesto, escrito por um dos fundadores, Folco Portinari, em 09 de Novembro de 1989.

“O nosso século, que se iniciou e tem se desenvolvido sob a insígnia da civilização industrial, primeiro inventou a máquina e depois fez dela o seu modelo de vida.

Somos escravizados pela rapidez e sucumbimos todos ao mesmo vírus insidioso: a Fast Life, que destrói os nossos hábitos, penetra na privacidade dos nossos lares e nos obriga a comer Fast Food.

O Homo sapiens, para ser digno desse nome, deveria libertar-se da velocidade antes que ela o reduza a uma espécie em vias de extinção.

Um firme empenho na defesa da tranqüilidade é a única forma de se opor à loucura universal da Fast Life.

Que nos sejam garantidas doses apropriadas de prazer sensual e que o prazer lento e duradouro nos proteja do ritmo da multidão que confunde frenesi com eficiência.

Nossa defesa deveria começar à mesa com o Slow Food. Redescubramos os sabores e aromas da cozinha regional e eliminemos os efeitos degradantes do Fast Food.

Em nome da produtividade, a Fast Life mudou nossa forma de ser e ameaça nosso meio ambiente. Portanto, o Slow Food é, neste momento, a única alternativa verdadeiramente progressiva. 

A verdadeira cultura está em desenvolver o gosto em vez de atrofiá-lo. Que forma melhor para fazê-lo do que através de um intercâmbio internacional de experiências, conhecimentos e projetos?

Slow Food garante um futuro melhor. 

Slow Food é uma idéia que precisa de inúmeros parceiros qualificados que possam contribuir para tornar esse (lento) movimento, em um movimento internacional, tendo o pequeno caracol como seu símbolo.”

Folco Portinari, em 09 de Novembro de 1989


*Tarefa proposta a Vasalisa, por Baba Yaga, como condição de ter acesso ao fogo, à iluminação e transformação, no conto homônimo em Mulheres que correm com os lobos

@ale_yogaastral 

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